- Para os leitores do site FullRock que não conhecem o trabalho de ADNA MELAN, poderia descrever os principais pontos da carreira do seu projeto solo até aqui?
Em 2019 eu tive a oportunidade de lançar meus primeiros dois singles, embora um deles não tenha absolutamente nada a ver comigo – fui totalmente ignorada no processo criativo, eu ainda estava um pouco insegura com minhas composições, e eu não tinha nenhuma noção sobre o processo de gravação, foi minha primeira experiência em estúdio. Mas toda experiência é válida, e isso me fez buscar expressar mais minhas ideias e me certificar de que eu estava trabalhando com alguém que me ouviria. Em 2020, após uma experiência de banda frustrada, decidi continuar com o projeto solo, e foi quando lancei “He Killed Me”. Nesse momento também comecei a explorar mais minhas composições no piano, e produção de vídeos, o que resultou no lançamento de “Melancholia” e “Forevermore”. Em 2024, alguns meses após escrever a letra de “Lie”, decidi gravar uma demo com as ideias que tive para a harmonia. O processo até a finalização e lançamento foi longo, muitas coisas aconteceram com a produção e na minha vida pessoal, mas posso dizer que essa música teve um papel importante tanto na minha vida como cantora e compositora, quanto na minha vida fora da música.
- “Lie” é o novo Single do projeto e foi lançado de forma independente, como ele vem sendo recebido até aqui?
Tive um bom tempo para planejar a divulgação do single e, considerando lançamentos anteriores, estou muito contente com a recepção.
- Um ponto que salta aos olhos no Single, é que você optou por usar o inglês como idioma. Por qual razão resolveu seguir por este caminho?
Acho essa pergunta intrigante... já me questionaram a respeito disso logo no início e me aconselharam a escrever em português já que eu não era “famosa”, mas eu não vejo como uma escolha, eu nunca parei para pensar nisso. Desde criança eu sou fascinada por música e pelo idioma inglês, provavelmente porque me identifiquei muito com bandas de rock/ metal que cantavam em inglês. Não me lembro de parar para pensar sobre isso, sei que decidi que queria cantar rock, fazer algo sombrio como Evanescence e simplesmente comecei a escrever em inglês. Ser fluente nesse idioma era algo que eu queria muito, para escrever as letras e para me comunicar com pessoas de outros países. Na época, com 12 anos, meu vocabulário era limitado, mas meu processo de aprender a transformar sentimentos em palavras evoluiu junto com o meu aprendizado em inglês. E eu simplesmente amo ler poesia e livros em inglês. Acho que não poderia ser diferente. Além disso, gosto do fato de que é uma língua entendida por pessoas no mundo todo, então também acho que é algo positivo na hora de divulgar, pelo menos tem sido para mim. E eu acabei focando na divulgação fora do Brasil. A maioria das pessoas que escutam minha música são de outros países, e me conheceram através de lives em inglês, anúncios, entre outras formas de divulgação por plataformas estrangeiras. Somente agora, com o lançamento de “Lie” que comecei a buscar aumentar a divulgação dentro do país.
- O seu Som é difícil de ser rotulado, mas eu consegui enxergar similaridades com o Gothic. Você concorda com tal afirmativa? Caso não concorde, como você se definiria?
Concordo sim, mas não sou fã de definições e não me preocupo em seguir padrões. Eu também amo música clássica, tenho composições instrumentais no piano que pretendo lançar um dia, e tenho músicas que diferem entre si. Tenho muitas ideias e não gosto de limitações. O principal componente que tento transmitir é melancolia, que é uma das minhas palavras favoritas e o sentimento que me perseguiu pela maior parte da minha vida.
- Particularmente gostei bastante de “He Killed Me”, pois ela meio que sintetiza o que temos em toda a sua carreira. Como vem sendo a aceitação dela com o público, e quais do material vem sendo mais pedidas nos seus shows?
Fico contente que gostou! Ainda não tive a oportunidade de fazer shows com esse projeto, mas eu diria que “He Killed Me” é um dos singles com melhor aceitação.
- A produção do Single é outro fator importante, o que você pode nos dizer sobre o processo de produção de “Lie”?
Eu escrevi a letra de “Lie” em fevereiro do ano passado e, alguns meses depois comecei a ter ideias para a harmonia... a atmosfera do início, a guitarra do pré-refrão entrando e desaparecendo quando a voz entra. Fui para o piano compor, mas também decidi que faria uma demo com todas as ideias que estavam na minha cabeça. Eu estava praticando guitarra por apenas 4 meses, então isso foi mais um incentivo para treinar todos os dias. Após 2 meses, gravei a demo e mandei para o meu produtor. Ele contribuiu com a composição e montamos juntos uma nova versão. Não fiquei contente com a mixagem, e precisava de um engenheiro de som, então entrei em contato com outro profissional e optamos por regravar o single e esse foi o resultado da versão final.
- Confesso que demorei muito para entender a sua proposta musical, este tipo de afirmativa tem chegado ao seu conhecimento através de outras pessoas? Quais referências musicais você busca no momento de compor as suas canções?
Já recebi várias críticas, elogios e comentários, mas essa é a primeira vez que me dizem isso. A ideia é criar uma identidade visual e sonora autêntica, a partir da minha vivência e referências, e buscando me expressar de forma verdadeira através da arte. Algumas das influências que costumo citar são Evanescence, Linkin Park, The Pretty Reckless, Lana Del Rey e Jeff Buckley. E quando digo influência, são em vários aspectos: na escrita, na construção da identidade, produção audiovisual e da composição. Sobre a música em si, às vezes algo que estou ouvindo muito no momento me traz alguma inspiração. Ouço muitas bandas que não são tão conhecidas como Eyes Set To Kill, Picture Me Broken. Mas meu processo de criação é bem livre e meio automático, começo a cantar algo que já vem com melodia, e então surgem ideias para a harmonia. Eu vou desenvolvendo essas ideias e, em seguida, meu processo criativo é somado ao processo criativo do produtor musical e, às vezes, de outros músicos, e cada um traz um pouco de suas influências.
- Recentemente recebi o produto digital e fiquei de queixo caído com a arte da capa. Como ela é muito direta com uma foto sua, teria como nos ajudar a compreendê-la?
[Risos]. É uma foto do ensaio fotográfico da filmagem do clipe. Gosto muito de fotografar a natureza e as capas de “Melancholia” e a capa de “Forevermore” refletem isso. Mas para o single “Lie” eu decidi que seria uma foto do ensaio, e creio que a foto transmite melancolia, e solidão – o que qualquer pessoa que já lidou com transtornos psicológicos provavelmente sentiu em algum momento. E sobre as rosas, elas têm uma representação importante em todo o visual do projeto. Gosto muito de uma passagem escrita pelo Osamu Dazai: “I like roses best. But they bloom in all four seasons. I wonder if people who like roses best have to die four times over again.” Traduzindo: “Eu gosto mais de rosas. Mas elas florescem nas quatro estações do ano. Eu me pergunto se as pessoas que gostam mais de rosas precisam morrer quatro vezes novamente.” Para mim, é uma representação da depressão, de forma poética.
- Quais os planos do projeto para um futuro próximo? Um novo Single já está sendo composto? Pretende seguir o mesmo direcionamento musical?
Lie marca o início de uma nova fase da minha vida como artista e como pessoa. Alguns singles já estão em fase inicial do processo criativo, mas ainda não tenho previsão para futuros lançamentos. Pretendo seguir nessa proposta musical, mas sempre aberta a novas ideias.
- Obrigado pelo tempo cedido para a equipe da Fullrock, é chegado o momento das considerações finais…
Muito obrigada pelo espaço! Espero que mais pessoas possam conhecer e ouvir meu trabalho, especialmente o novo single, e espero que gostem e que consigam, de alguma forma, se identificar.
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