Por um acaso bem-vindo e um convite inesquecível.
Vila Velha me recebeu em uma das viagens mais marcantes que tive a trabalho. E como todo bom acaso costuma carregar um encanto escondido, fui surpreendido por um convite para conhecer o Cuore e Cucina, restaurante intimista e acolhedor, conduzido pela experiente chef Zaima, uma anfitriã com 30 anos de erudição internacional, pelo filho Richardson e pela filha Jihany, responsável por me receber com um generoso sorriso e um Pinot Noir de respeito — e desde já, obrigado.
O nome não mente: “Coração e Cozinha”. E é exatamente assim que me senti do início ao fim, acolhido por uma culinária com alma, feita por mãos que não apenas cozinham, mas transformam ingredientes em momentos. O ambiente já nos abraça antes mesmo do pedido. A carta de opções é encantadora e desenhada para paladares que buscam sutileza, estrutura e identidade.
Abertura com personalidade
Começamos com a Bruschetta del Cuore, onde a berinjela cozida no ponto ideal, o leve adocicado do pimentão e a crocância viva do pão deram o tom do período vespertino: uma entrada honesta, saborosa, com textura equilibrada e presença marcante. A simplicidade quando bem executada é sempre o melhor cartão de visita.
Principais que respeitam os ingredientes
Minha companheira foi ousada ao pedir o Risotto de Abóbora com Camarão — um prato que ela costuma evitar pela frequente falta de harmonia entre dulçor e mar. Mas a promessa de Jihany se cumpriu: o risoto é realmente uma das especialidades da casa. Cremoso, aveludado e com a doçura da abóbora bem controlada, cada garfada foi uma ode ao equilíbrio.
Minha escolha foi um Filé de Manzo, e por sugestão da casa, ele veio acompanhado de Spaghetti na manteiga com sálvia. Uma combinação sublime. A carne — macia, suculenta, no ponto exato — parecia derreter na boca. O spaghetti, com sua untuosidade amanteigada e notas de sálvia fresquíssima, mostrou que muitas vezes o acompanhamento mais simples pode ser o mais certeiro.
Foi minha primeira vez degustando o Filé de Manzo — e saí convencido de que não será a última. Para quem deseja experimentar um prato de alta execução em Vila Velha, essa é a recomendação absoluta. A apresentação dos pratos pode receber leves aprimoramentos no visual, mas nada que ofusque a excelência técnica.
Uma sobremesa com alma italiana
O encerramento não poderia ser mais icônico. A casa sugeriu o Tiramisù, servido de forma inusitada: em taça (é extremamente difícil ver assim por onde passo). A surpresa inicial deu espaço à contemplação. A textura cremosa denunciava que ali havia mascarpone legítimo, não substitutos. Explicar a importância desse queijo é quase um dever: originário da Lombardia, feito sem coalho ou fermento, com filtragem artesanal, seu uso define o que é ou não um verdadeiro Tiramisù.
E ali estava ele: suave, untuoso, com um dulçor equilibrado e final de café — o toque que faltava para transformar colheradas em memória afetiva. Servido na medida para compartilhar, foi o abraço final daquela tarde calma. A cereja no topo veio quando o café foi oferecido sem nem pedirmos. Um gesto simples, mas cheio de significados.
Conclusão
O Cuore e Cucina é mais que um restaurante. É um espaço de vivência, de afeto e de respeito aos sabores. A família que conduz esse lugar é o retrato da união entre técnica, generosidade e paixão.
Para mais informações, cardápio e contato:
https://www.instagram.com/cuoreecucina/
Fotos: Social Media & Crítico
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