SAVAGEZ: ''O metal se mantém vivo porque as bandas e o público são muito apaixonados.''

SavageZ é uma banda de Melodic/Technical Death Metal, para fãs de Arch Enemy, Insomnium, Gorod, Wintersun. Situados em São Luis do Maranhão, a banda vem mostrando um som consistente e cheio de curiosidades. Os mesmos estão mostrando competência e um som maduro, extremamente recomendada para os fãs do gênero. Confira a entrevista que o time concedeu falando a respeito da história, sonoridade, shows e muito mais a seguir:
Pedro Hewitt: Desde já agradeço a atenção para responderem essa entrevista. Para darmos início a esta, vamos voltar no tempo, em meados de 2014 precisamente. Qual a história da SavageZ? Por que este nome?
RODOLFO MNAC: Nós que agradecemos pela atenção! Bem, então vamos lá. No longínquo ano de 2014, queríamos um nome simples, mas que tivesse algum diferencial – por isso o Z – o que também se reflete em nossas logos, primeira e segunda. Estamos sempre buscando novidades em termos de composição e inspiração, alguma maneira de nos destacar nem que seja um pouco. Se tivéssemos que resumir o propósito da banda, esse é basicamente o nosso espírito.

Pedro Hewitt: Existe uma unanimidade no gosto musical dos integrantes ou cada um tem suas influências além do Death Metal? 
RODOLFO MNAC: Ouvimos tantos estilos e propostas que se fôssemos começar a citar provavelmente esqueceríamos de vários. O death metal é a estrutura que mantém coeso os nossos gostos musicais, que são tão diversos quanto as células de um corpo. Fora o Death nós ouvimos praticamente de tudo. Cada integrante tenta trazer uma sonoridade diferente pra banda e é o que nos faz experimentar diversos tipos de ideias.
Pedro Hewitt: Com isso, literalmente os opostos se atraem? Afinal, lançar NEW DIMENSIONS não deve ter sido fácil.
MORGOTH: Sim! Na verdade essa miscelânea de influências sempre foi levada como algo positivo, pois cada membro, dentro de suas influências e visão, tem o que acrescentar ao objetivo em comum, que era um álbum pesado, bem trabalhado e com características únicas, mas sem perder a essência do velho e ríspido death metal.

Pedro Hewitt: Por que resolveram lançar o material de forma independente?
Morgoth: Passamos dois anos compondo e gravando o finado EP “Anima Igni”, com idas e vindas ao estúdio que demandavam muito tempo e não tínhamos tanta autonomia para fazermos pequenos ajustes e mudanças devido a toda a logística. Então logo que começamos as novas composições já fomos gravando, fazendo testes e a coisa foi fluindo. Basicamente o New Dimensions foi composto e gravado em menos de três meses.
Pedro Hewitt: Em 2015 eram para ter lançado o EP ‘’Anima Igni’’, mas por alguns fatores acabou sendo cancelado. Possuem uma vontade de relançar ele com a Ahnysha nos vocais ou fazer pequenos ajustes e inserir como bônus em outro material com o selo francês Polymorphe Records?
MNAC: Essa é uma pergunta realmente difícil... A princípio, é claro que não gostaríamos de ter perdido esse material e sobretudo o tempo em que gastamos investindo nele. Mas infelizmente por vários motivos que tentaremos não nos prolongar aqui, tivemos de deixar esse material de lado. A possibilidade de o revisitarmos é extremamente remota.

Pedro Hewitt: Não podemos deixar de perguntar sobre os três tributos que a banda participou: Somewhere In Brazil – The Brazilian Tribute To Iron Maiden. A Tribute To Slayer. A Tribute To Death. Foi além dos resultados que esperavam ou foi graças a essas matérias que a Europa fez positivamente? Com certeza o outro lado do Globo irá aceitar com toda clareza o som de vocês por lá.
MORGOTH: Acreditamos que os tributos são uma ótima forma de apresentarmos músicas de bandas que são grandes influências com versões próprias, sempre adicionando elementos e características da SavageZ nas músicas. Os tributos ao Death (2019) e Slayer (previsto para março de 2020) saíram por meio de contato de muitos anos com a Antichrist Magazine. O tributo ao Iron Maiden, previsto para ser lançado fisicamente no primeiro semestre de 2020, pela Aradilho Records, foi feito por um convite do Luís, gestor da empresa. Tivemos uma receptividade muito boa com o tributo ao Death, e decidimos continuar participando de outros. Sem dúvida a divulgação europeia e também na Ásia pela Polymorphe Records tem nos ajudado bastante a aumentar os horizontes da banda, com matérias e entrevistas em grandes revistas do gênero.
Pedro Hewitt: Falando em material em geral, toda a lírica passa por vários detalhes e inúmeros ajustes, mesmo assim, as grandes mídias e assessores parece não se encantarem muito por gêneros mais técnicos ou uma junção de detalhes que formam um baita resultado. Será uma questão de baixo nível de procura ou só aquela velha história de ganhar dinheiro ou mídia em geral?
MORGOTH: Com certeza fazer metal extremo e optar por um estilo mais trabalhado reduz bastante o nicho de público, ainda mais no Brasil. Lá fora já existem grandes festivais e mídia só para bandas do estilo, mas, mesmo assim, nunca será algo de fácil palatabilidade como estilos mais simples e diretos, entretanto isso definitivamente não importa para nós e nunca será nosso norte.

Pedro Hewitt: A Universidade Macquarie (Austrália) confirmou que Death Metal inspira alegria e não a violência. De acordo com vocês e com as letras claras, são baseadas em conceitos filosóficos e literários. Esse quesito foi encontrado e enraizado por algum interesse em particular nesse lado em questão?
MNAC: Nós temos leitores de literatura filosófica e de ficção de horror entre os integrantes, então é possível dizer que é um interesse paralelo nosso. Afora isso, como já dissemos algumas perguntas atrás, gostaríamos de elaborar um som que fosse além do lugar-comum no metal. Liricamente falando, estávamos um pouco estafados dos mesmos temas se repetindo indefinidamente, então vimos nesse material, uma inspiração a mais para falar de vida, morte e existência de uma maneira mais “poética” ainda que incisiva, e com isso tentamos superar nosso tempo tão niilista, passando por todos os percalços e aprendendo com eles, sempre com um objetivo claro em mente, tentando encontrar sentido em nossas vidas para além do tédio e da rotina que tanto nos esmagam.
Pedro Hewitt: Como vocês estão observando o mercado musical atual para as bandas que estão crescendo aos poucos e outras que já estão a um certo tempo na batalha?
ROGERS: Com o advento de plataformas digitais, a divulgação se torna muito mais fácil, então você acaba tendo a chance de conhecer o trabalho de bandas que dificilmente conheceria sem a internet. Além disso, bandas já consolidadas acabam também tendo que se adequar a esses novos moldes, Hate Eternal e King Diamond recentemente, por exemplo, disponibilizaram teasers em plataformas digitais antes do lançamento oficial dos seus discos; até mesmo o Metallica, quem diria, disponibiliza seus discos de graça na internet.

Pedro Hewitt: Como dizem, a proposta é diferenciada, é caprichada e totalmente levada aos ouvidos mais criteriosos e detalhistas. Pude observar que as matérias no exterior e os ótimos feedbacks só crescem, fazendo assim não só novos contatos, mas também ampliando horizontes, mostrando que o trabalho por mais que tenha sido árduo, vocês fazem a cada dia a diferença no cenário nacional. O que podem falar sobre isso?
MNAC: Nós só temos a agradecer imensamente o carinho do público que vem nos recebendo tão bem e apreciado nosso esforço. Por mais que nosso estilo tenha muitas particularidades e por isso seja mais de nicho, esperamos poder conquistar aos poucos nosso espaço dentro da cena, e com isso abrir espaço também para que mais bandas com propostas diferenciadas surjam e mostrem ao mundo a que vieram. Para nós é uma verdadeira honra.
Pedro Hewitt: São Luís é uma capital que possui um vasto mapa de bandas de diferentes gêneros, mas pro lado Technical/Melodic Death Metal nem tanto (Na minha opinião, claro). Na visão de vocês está faltando algo para que as bandas surjam com essa mesma temática e sonoridade que executam?
ROGERS: De fato, São Luís tem tradição com vários subgêneros underground. Há e houve por aqui bandas muito técnicas de Heavy Metal, por exemplo, mas no que diz respeito ao Death Metal mesmo, imagino que boa parte dos bangers daqui preferem um death metal mais clássico e menos lapidado, o que a gente também gosta, mas no final das contas, acredito que haja espaço pra gente também.

Pedro Hewitt: Para prolongar e não cair na mesmice a banda não investe só em sonoridade, mas também na realidade que nos encontramos, no caso a era virtual que a cada dia se atualiza. Quais os pontos cruciais que vocês percebem e executam nos meios necessários?
MNAC: Tentamos ficar os mais atentos quanto possível ao que nos cerca diariamente. Movimentos ultrarreligiosos eclodindo aqui e ali, partidos políticos tentando a todo custo implementar uma agenda reacionária que vai de encontro aos interesses do povo, enfim, intolerância, medo e ódio vindo de todas as direções. Tudo isso pode e vai servir de material para nossas próximas músicas mesmo que de pano de fundo. Vamos nos adequando a necessidade do momento.
Pedro Hewitt: Creio que os haters possam retorcer um pouco o nariz ao ouvir o som de vocês, talvez pela sonoridade, técnica e complexidade de algumas faixas. Existem dificuldades na banda em levar adiante o projeto para shows locais, regionais e divulgar fora do Brasil?
ROGERS: Os haters vão sempre torcer o nariz, não importa o que você faça. Nossa proposta musical é sincera: tocar o som que a gente gosta! O fato de existir pessoas que curtam o que a gente faz é um privilégio para nós, somos muito gratos por isso, o fato de existir pessoas que não gostam é normal, nós respeitamos isso, mas quanto aos haters, a gente realmente não se importa, e acredito que isso nunca afetou negativamente nossa divulgação e inserção no circuito local.

Pedro Hewitt: Não só de hater vive as tretas. Ultimamente anda acontecendo bastantes ocorridos sobre bandas em turnês passando pelo Brasil (Outras nem chegam a pisar aqui, sendo canceladas antes mesmo de embarcarem), sejam por falta de compromisso, público sem flexibilidade, valores baseados em dólar, ou até mesmo a credibilidade do país não ser tão forte assim, presumo. O que podem nos dizer a respeito dessas situações? E a respeito do cenário nacional?
ROGERS: Apesar de todos os contratempos o Brasil continua sendo um destino bastante importante para bandas internacionais. Claro, por se tratar de um segmento underground, há sempre o risco para as produções de não conseguirem o retorno financeiro esperado, isso somado aos problemas econômicos e políticos pelos quais o país tem passado e outros fatores também que acabam tornando as coisas muito complicadas por aqui.
Sobre o cenário nacional, as cenas resistem a todas essas dificuldades, as bandas continuam se renovando e trampando com mais qualidade. O metal se mantém vivo porque as bandas e o público são muito apaixonados.
Pedro Hewitt: Para finalizar, fiquem à vontade para passarem algum recado ou alguma informação adicional. Sempre é um prazer conhecer e apoiar mais bandas como a SavageZ, vindo principalmente de uma cidade maravilhosa, que é São Luís. Grande abraço!
MNAC: Não temos palavras para agradecer a mais uma ótima oportunidade como essa, muito obrigado mesmo! Esperamos que através de nossa música possamos unir cada vez mais pessoas em prol do metal. Fiquem de olho em nossas redes sociais que em breve teremos novidades quanto ao nosso próximo material. Vida longa ao Death Metal!
MORGOTH: Sem dúvida a mais completa entrevista que respondemos até o momento, valeu mesmo!!
ROGERS: A gente agradece a oportunidade, é sempre bom conversar sobre o nosso trabalho, principalmente quando a conversa é de alto nível como essa. Valeu!!!

Para mais informações, shows e merchandise:
https://www.facebook.com/savagezband/

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About Pedro Hewitt

Trabalha desde 2002 com produção de shows em Teresina. Teve a oportunidade de trabalhar com grandes nomes do Heavy Metal e Rock and Roll como Paul Di Anno, Ira!, Hangar, Angra, Shaman, Andralls, Drowned, Clamus, Dark Season, Megahertz, Anno Zero, Empty Grace, Morbydia, Káfila, entre outros.

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