Fundada em 1984, em Belo Horizonte, pelos irmãos Cavalera, a banda tem suas raízes fincadas na cena thrash metal da época, bebendo de bandas como Metallica, Megadeth e Anthrax, Slayer, etc. Ainda havia uma forte influência do hard core e do punk rock. Todos os estilos que impulsionavam a revolta juvenil. Com a entrada do guitarrista Andreas Kisser, a banda começou a chamar a atenção.
Existe uma máxima falsa de que o rock/metal morreu nos anos 90. Para provar que isso é algo totalmente infundado, vamos visitar três super discos que o Sepultura lançou ao longo dessa década que não apenas mudaram a história da banda, mas tornaram-se referência para novas bandas e colocaram o Brasil no mapa da música pesada.
Arise (1991)
O quarto álbum de estúdio do Sepultura, Arise ainda estava longe de ter as batidas grooveadas que acabariam por se tornar uma característica marcante na primeira fase da banda. Contudo, isso está longe de fazer desse um disco ruim. Arise é pesado e com letras bastante críticas. Aqui já é possível notar que Igor Cavalera é um baterista diferenciado e, além disso, há vários momentos em que solos extremamente melódicos e bem construídos surgem, algo incomum para o estilo.
A força do Sepultura está nas composições. As músicas são boas como um todo, as peças de cada parte se encaixam e formam um bloco poderoso de som. Os destaques do disco são, no primeiro ato a faixa título, Dead Embrionic Cells e Desperate Cry. Para o fechamento, podemos lembrar bem de Under Siege e Meaningless Movements. A versão brasileira do disco ainda contava com um excelente cover de Orgasmatron do Mortorhead.
Chaos A.D (1993)
Sucessor natural de Arise, esse disco representa uma evolução gigantesca para o som da banda. Nessa época, em várias entrevistas, produtores e membros da banda dizem que o Sepultura vivia seu momento mais unido, e isso se refletia na força de suas composições. A temática das canções continuou com um cunho crítico e revoltado. É impossível não ouvir o disco e não ficar nem um pouco p*to com o mundo.
As canções mais responsáveis por isso são a trinca matadora na abertura com Refuse/Resist, Territory e Slave New World. A primeira falando de conflitos urbanos e violência, a segunda criticando as guerras por território e a última, num trocadilho com o Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley (Brave New World), falando sobre como as organizações exercem controle sobre as pessoas. Destaques maiores também vão para Kaiowas, canção instrumental com violão, violão de 12 cordas e percussão apenas, homenageando uma tribo indígena brasileira de mesmo nome, Nomad, We Who Are Not the Other e o cover do New Modern Army The Hunt.
Chaos A.D foi bastante importante para o surgimento do próximo disco, apesar de o álbum se sustentar sozinho muito bem, mostrando o ótimo primeiro passo para o Sepultura inserir elementos brasileiros no seu thrash metal.
Roots (1996)
Nesse momento, a banda entrou em terrenos mais experimentais e, como era de se esperar, alguns fãs não gostaram e criticaram severamente a presença de certos elementos em Roots. Desde a capa (imagem de uma índia usada numa nota de cruzeiro) até o nome do disco (raízes) a ideia era entrar de cabeça na brasilidade. E, sendo impossível fazer isso sem passar pela pluralidade, muita experimentação foi feita em relação a timbragens, afinação, ritmos, efeitos entre outras coisas.
Os destaques já vão logo para abertura com Roots Bloody Roots, um hino do heavy metal, Cut-throat e Ratamahatta, música em português com várias menções à cultura brasileira, palavrões e a participação de Carlinhos Brown, algo que fez os fãs mais fervorosos arrancarem os cabelos longos e baterem na testa com os braceletes de spikes.
Os destaques seguem com a pegada Straighthate, a climática Lookaway, com uma batida meio hip-hop, scratches e a participação de Mike Patton do Faith No More. Assim como em Chaos A.D. o Sepultura trabalho em faixas instrumentais novamente. Aqui são duas, Jasco e Itsári, a segunda gravada junto com a tribo Xavante, com quem a banda passou alguns dias. A gravação foi feita usando microfones ligados à bateria de carro. Certamente, não dá para ficar mais roots do que isso. O álbum se encerra com Dictatorshit uma crítica rápida e rasteira a sistemas ditatoriais, vale lembrar que isso, infelizmente, faz parte da cultura brasileira, e ainda há uma faixa instrumental escondida no final chamada Canyon Jam.
Apesar da maioria das músicas em inglês, o Sepultura soube encaminhar o seu som para uma estética completamente brasileira que inclusive foi exportada para outras bandas de metal mundo à fora. Contudo, dificilmente veremos de novo algum conjunto que junte elementos tão diversos de maneira tão inusitada e inovadora novamente.
Biboca, garagem, favela! É isso aí por hoje pessoal. Se vocês quiserem que eu fale de algum artista específico aqui, deixem um comentário esperto, faremos o máximo para atendê-lo.
Fonte: PontoBR #07
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