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Full Rock: A banda iniciou por volta de 1995 com o nome de Damnation, o que levou vocês a mudarem para Vulture?
Adauto Vulture: Descobrimos que já havia uma banda na época com o nome Damnation, acabamos até escolhendo outros nomes, mas nenhum encaixou legal, passei o fim de semana com o Marcelo, primeiro baterista da banda, pesquisando em livros, dicionários e pensando em opções até chegar ao Vulture, ele gostou da ideia e encerramos a pesquisa.
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Full Rock: Quais os temas mais abordados pelo Vulture em suas letras e quem escreve?
Adauto Vulture: A maioria das letras sou eu quem escreve, mas o Yuri escreve também, as minhas são mais diretas, enquanto às dele são mais subjetivas e cheias de metáforas. Os antigos membros escreviam também, temos algumas do Marcelo, algumas do Lucas e várias do Felipe. Geralmente as letras criticam diferentes formas de manipulação em massa como religião, política, mídia e como o ser humano se comporta em relação a tudo isso. Minhas críticas são mais direcionadas à religião, pois acredito ser o pior desses males.
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Full Rock: Em 2005 a Die Hard Records lança “Test Of Fire”, primeiro full length do Vulture, ou seja, foram cerca de 10 anos para alcançar a gravação desse material, o que manteve o Vulture com os pés no chão no meio de tantas turbulências com a formação da banda?
Adauto Vulture: Acredito que o fato de sermos de uma cidade do interior com 120.000 habitantes, tornou o caminho ainda mais longo e penoso para nós. Quando começamos não existia uma cena Metal na cidade, hoje está melhor, mas ainda bem fraca em minha opinião. Em 95 éramos poucos, nem cito Metal Extremo senão o número cairia para umas cinco pessoas. Juntávamos uma grana para ir até Sorocaba-SP comprar discos, pois não havia nenhuma loja especializada em Rock ou Metal. Tínhamos pouca informação, não havia internet, tínhamos que sair da cidade para tudo, para comprar discos, para comprar instrumentos, para gravar, para conseguir espaço para tocar. Existia uma cena Punk/Hardcore forte que nos acolheu e abriu espaço para as nossas primeiras apresentações, ainda tenho muita influência e muitos amigos dessa cena até hoje. Com o tempo começamos a alugar espaços e organizar festivais para podermos tocar. Encontrar músicos que tocassem Metal era difícil, que tocassem Metal Extremo no way, tivemos que ensinar nossos irmãos mais novos a tocar e demos muita sorte por eles pegarem gosto pela coisa e vestirem a camisa da banda. Quanto às gravadoras só tínhamos um contato distante por carta, era difícil competir com bandas da capital que viviam na Galeria, tinham contato direto com os donos até mesmo uma relação de amizade. Tivemos que ficar um bom tempo tocando no interior, lançando demos e fortalecendo nosso nome para chegar com alguma relevância até as gravadoras, mas esse contato ainda é difícil até hoje. Gosto muito de compor e adoramos tocar, beber e fazer amizades, fazemos isso por nós mesmos e não pelos outros, então independente das dificuldades, a banda sempre foi algo prazeroso para nós e nunca me passou pela cabeça acabar com ela, hoje tenho a empresa e muitos projetos pessoais, mas sem dúvida a Vulture é a coisa mais importante na minha vida e acredito que para eles também.
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Full Rock: Mesmo fazendo um som bem pesado, percebe-se que as guitarras são mais melódicas, diferente da maioria das bandas do estilo (em minha humilde opinião, me lembrou o som do Gorefest), essa é uma das características que destaca o som do Vulture; de onde vem toda essa inspiração? Há influência de alguma banda(s) em especifico?
Adauto Vulture: Adoramos Gorefest e com certeza deve ter algo deles em nosso som, mas eles são apenas mais uma das 1.000 influências variadas que possuímos. Escutamos desde Beatles, Ramones, Scorpions até Nile, Suffocation, nunca tivemos alguma limitação em relação às nossas influências musicais, Death Metal é o estilo que mais gostamos e que mais escutamos. Não gosto de colocar data em música, música boa surge todo dia, mas eu gosto e escuto muito os álbuns de Death Metal lançados entre 89-95 e, por eu acabar compondo a maioria das músicas, acredito que o som do Vulture tenha muito dessa pegada, aliada à brutalidade do André, os acordes do Yuri e as viagens do Max. Com certeza a variedade de influências é que ajudou a moldar a identidade da banda. Peso e brutalidade com elementos de Thrash e Heavy Old School.
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Full Rock: A banda possui faixas escritas em português, entre elas estão, “Abençoado Seja o Homem Ateu”, que inclusive rendeu um Videoclipe e nesse trabalho atual temos, “Carrasco de Sí Mesmo”, Vocês já pensaram em gravar um álbum ou EP totalmente em português, e qual a reação do publico em relação a essas faixas, elas estão no set ao vivo do banda?
Adauto Vulture: A primeira música que fizemos em português foi a Empalação Brutal que saiu em nosso debut “Test Of Fire”, o resultado foi muito bacana, muitos bangers decoraram a letra e a pedem até hoje nos shows. Depois disso decidimos sempre gravar uma música em português em cada álbum, mas nunca um álbum inteiro em português, talvez lancemos uma coletânea só com músicas em português quando tivermos uns 10 álbuns. rs. A “Abençoado Seja O Homem Ateu” foi a que mais repercutiu, tocamos ela em todos os shows, as outras de vez em quando, mas estão no Set List de Teresina.
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Full Rock: O clip de “Riders of a New Age” foi produzido pela própria banda, algum membro do grupo já tinha alguma experiência com edição de vídeo ou foi totalmente caseiro? (detalhe, o vídeo ficou muito bom por sinal).
Adauto Vulture: Acredito que hoje com as facilidades da internet, qualquer um consiga fazer algo de forma caseira com uma qualidade razoável. Existem muitos tutoriais, vídeo aulas, fóruns, que ensinam de forma detalhada como fazer qualquer coisa. Quer construir uma bomba atômica? Você aprende! O mais difícil é encontrar tempo, força de vontade e saco para encarar essas coisas. Esse foi o terceiro clipe da banda que editei e, sinceramente, espero ter dinheiro para, no próximo, pagar para alguém editá-lo, haja saco! rs
[...] o bem e o mal está dentro de cada um, o que existe são escolhas e consequências [...]
Full Rock: É notado que um dos temas usados pelo Vulture diz respeito a críticas contra a Religião, que ultimamente anda bem mal por sinal, com vários escândalos envolvendo Padres, Pastores, Rabinos e outros; A crítica geral é contra as pessoas que fazem as religiões ou contra as divindades das quais elas (as religiões) se originaram?
Adauto Vulture: As críticas são mais voltadas para as pessoas mesmo, tanto às que utilizam a religião para manipular pessoas, quanto às que são manipuladas pela religião. Somos ateus, não faz muito sentido criticarmos algo que não existe. O que mais procuro fazer em minhas letras é estimular, de alguma maneira, as pessoas a refletirem sobre a própria vida, mostrar que não existem verdades, não existem pecados, não existe nada te controlando ou te julgando, o bem e o mal está dentro de cada um, o que existe são escolhas e consequências, e isso é relativo a cada pessoa, cada um precisa assumir a responsabilidade e fazer valer essa vida, saber aonde quer chegar, o que quer fazer e como quer ser lembrado. Uma vida pode ser muito tempo ou pode ser tempo de nada.
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Full Rock: Qual a melhor opção para uma banda nessa “Era Negra” da indústria fonográfica, esperar que um selo estável se interesse para gravar, ou bancar por conta própria?
Adauto Vulture: Esperar jamais! Deve tentar primeiro o contato com as gravadoras, mas cobrar de imediato uma resposta, sim ou não, se não responderem entenda com um não e parta para o independente. Hoje todo o acesso está mais fácil, as empresas que fazem a prensagem ajudam em todo o processo, você pode tentar uma parceria com distribuidoras para dividir a prensagem em cotas e levantar o dinheiro. Se você fizer um trabalho legal de divulgação e distribuição, consegue recuperar o dinheiro investido na gravação do álbum.
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Full Rock: Infelizmente (ou felizmente), o vazamento de álbuns em mp3 para a internet ocorre com muita facilidade, e lançamentos acabam sendo disponibilizados para download, atrapalhando a carreira comercial de várias bandas, sendo que algumas disponibilizam para download em seus respectivos sites. Como vocês vêem essa questão? Tem atrapalhado ou auxiliado na divulgação de Destructive Creation.
Adauto Vulture: Acho que existem aspectos diferentes nesta questão. Para uma banda grande que ganhava dinheiro com a venda dos álbuns isso é ruim, mas para uma banda underground divulgar o seu trabalho isso é muito bom, ajuda essa banda a rodar o mundo e alcançar lugares que seriam extremamente difíceis de chegar com um material físico. Existe também o aspecto do valor, vejo por mim: Antigamente eu juntava uma grana para comprar um vinil ou um cd, ficava uma hora escutando um pouco de tudo na loja para decidir o que comprar, comprava o álbum, só iria comprar outro álbum daqui uns 15 ou 30 dias, neste tempo eu destrinchava esse álbum, decorava todas as músicas, todas as letras, gastava o álbum, se houvessem quatro músicas boas e o restante fosse ruim, não importava, decorava todas. Hoje quando quero conhecer algo novo, baixo uns cinco álbuns no mesmo dia, começo a escutar o primeiro, se em 10 segundos eu não gostar da primeira música já mudo para a segunda, se a segunda for ruim já mudo de álbum, ficou muito fácil, perdeu o valor. Continuo escutando com mais atenção os cds que compro do que as mp3 que baixo.
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Full Rock: Como funciona o sistema de arranjos do Vulture.
Adauto Vulture: Geralmente eu componho a música em casa, gravo, mando para eles e fazemos alguns ajustes juntos. Algumas vezes o Yuri chega com uma música e trabalharmos juntos nas guitarras. Após a melodia finalizada, escrevo e encaixo a maioria das letras e algumas o Yuri escreve e encaixa.
Preparamos um set list maldito para esse show em Teresina [...]
Full Rock: O Público teresinense aguarda a presença de vocês ao lado do Kuazar, Scrok e Empty Grace no Bueiro do Rock que estará celebrando 8 anos, no dia 14 de setembro, como está a agenda do Vulture, há mais shows em vista?
Adauto Vulture: Preparamos um set list maldito para esse show em Teresina, quero ver todo mundo com o pescoço destruído no dia seguinte. Temos mais alguns shows confirmados em Salto-SP, Atibaia-SP, Itapetininga-SP e Blumenau-SC.
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Full Rock: Obrigado pela atenção de vocês, o Full Rock deseja sucesso e perseverança nessa jornada que se segue, deixem uma mensagem para o público que aposta nessa caminhada do Vulture.
Adauto Vulture: Nós é que agradecemos pelo espaço, estamos ansiosos para chegar a Teresina, encontrar pessoalmente o pessoal que estamos trocando ideia nas redes sócias e fazer tudo aquilo que mais gostamos: Tocar, beber, blasfemar e fazer novas amizades. Quem quiser conhecer um pouco mais sobre a banda acesse o nosso site: www.vulture.com.br .
See you in Hell my friends!
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