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Os também locais da Babi Jaques e Os Sicilianos trouxeram um clima de cabaré brechtiano com Rock Horror Show (mas que acabou lembrando novela de rádio) para o palco do APR. Entre uma claque e outra ajudaram a passar o tempo e encarar a fila do rango.
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O capixaba Silva deu início às atrações de fora da noite. Quero aqui fazer meu mea culpa: confundo Silva com Cícero. Não me pergunte por qual motivo. É como o povo que confunde Itamar Assumpção com Luiz Melodia ou Moraes Moreira com Alceu Valença, e por aí vai. O fato é que o rapaz me fez sentir num show do Coldplay. Assim como a confusão entre os nomes, pode ser só a ignorância me fechando a vista, mas realmente me senti assistindo Chris Martin e cia. Mas não pense que Silva, mesmo parecendo estranhamente encaixado, não agradou. O fez em cheio para um público fiel (muitos casais de meninas, Daniella Mercury times...) que acompanhou cantando junto e gritando histericamente a cada primeiro acorde.
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Fiquei pensando numa nova classe de fãs carentes: os órfãos dos Los Hermanos. Mais sobre eles daqui a pouco, porque finalmente alguém pisou no drive, os 'pratas da casa' (assim anunciados no PA) do Volver, voltando a tocar na terrinha depois de uma transferência pra São Paulo e de mudanças na formação, que deixaram por fim apenas o cantor, guitarrista e compositor principal Bruno Souto. Os primeiros trabalhos da Volver remetiam à primeira fase dos Beatles, jovem guarda, rock gaúcho de TNT e Frank Jorge e um certo clima mod (Who/Jam) mas já no segundo disco a banda mostrava uma forte influência de coisas mais contemporâneas como Strokes e Franz Ferdinand, o que era ótimo, mercadologicamente falando, pra eles. O terceiro trabalho, lançado aqui essa noite, “Próxima Estação”, acentua mais ainda essa proximidade com a 'geração 00' e tem um grande hit local, o single virtual que puxou a divulgação do novo trabalho, “Mangue Beatle”, um desabafo contra o não enquadramento na geração anterior, coisas que a história da arte explica até nos bancos universitários. Donos da bola e com torcida a favor, saíram ovacionados.
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Se os Rolling Stones são a maior banda de rock'n'roll do mundo, o Television é a maior banda de boteco do mundo. Não um boteco qualquer, mas botecos como CBGB's e Max's Kansas City. A idade acusa. Tom Verlaine do alto de seus incompletos 64 anos não dá boa noite, afina ele próprio a guitarra como se ignorasse o roadie e a massa que grita seu nome. Seus cabelos brancos sabem que amanhã ele, que já deu ao mundo discos como “Marquee Moon” (76), vai voltar pra tocar em algum pé sujo do Lower East Side. Aqui é mais uma gig e nada mais. O Television já tocou esse set, maravilhosamente, centenas de vezes, hoje à noite é apenas mais uma vez. Richard Lloyd não veio, o duelo de guitarras ficou pendendo para um lado só. O show abre com “Prove It”, faixa que encerra o aludido “Marquee Moon”, um dos solos mais viajantes e violentos de Verlaine no disco. Durante os próximos 50 minutos ele trocaria poucos riffs com Jimmy Rip, substituto de Lloyd, preferindo jogar-se em epifanias sonoras como “Little Johnny Jewel” (logo na segunda música!), faixa que nos tempos áureos do Bowery costumava atingir 23 minutos de duração e ter duas partes, tamanho o improviso jazzy impetrado pela banda. O clima 'nem te ligo' persiste, Billy Ficca (bateria) e Fred Smith (baixo) são uma cozinha corretíssima, uma moldura elegante à altura das pinceladas sônicas de Verlaine, que quando parte pra espancar sua guitarra no amplificador, à caça de alguma microfonia que saia dali desavisada, lembra fisicamente Thurston Moore daqui uns vinte anos. Sacam músicas de “Adventure” e do disco homônimo de 1997, voltando à “Marquee Moon” na épica faixa título, pra encerrar o show sem um boa noite sequer.
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O hermano Rodrigo Amarante foi escalado inicialmente para tocar nesta noite de abertura do APR, mas por problemas de agenda não veio. Os órfãos dos hermanos (que falei lá atrás, e, creia, eles não são poucos em Recife) foram brindados então com o paulista Marcelo Jeneci, cantor, compositor, acordeonista e tecladista; uma dos muitos artistas que tem crescido na mídia justamente pela ausência de artistas sensíveis e que falem alto ao coração, como os barbudos um dia o fizeram. “Feito Pra Acabar”, seu álbum de estreia de 2011, veio acompanhado do auxilio dos fãs pela internet, que transformaram “Felicidade” e “Pra Sonhar” em virais através de convites inusitados de casamento postados na web. Aqui em Recife, o bardo de Guaianases, que nunca deixou o posto na banda de Arnaldo Antunes, pontue-se, fez uma apresentação uma tanto 'elétrica', se é que dá pra imaginá-lo fazendo algo do tipo. Deve ter sido culpa do tempo corrido. Assinou o show com sua simpatia e simplicidade (adjetivos recorrentes entre aqueles que o conhecem de perto ou de longe) e deixou a bola na marca do gol para Siba, outra prata da casa.
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Ex integrante do Mestre Ambrósio, banda tão responsável pela estética mangue beat quanto Chico Science & Nação Zumbi ou mundo livre s/a, Siba aventurou-se pela pesquisa e resgate da cultura popular à frente do Siba & A Fuloresta, ganhou prêmios e mais prêmios de crítica, mas fora do Recife passa batido na mídia, não chega a ter a exposição de um Otto, grosseiramente comparando. Siba partiu para uma guinada mais radical e popular em “Avante”, seu último trabalho. Deixou a rabeca no estojo, guardou a fantasia de maracatu rural e pendurou uma strato no pescoço, criando músicas que remetem ao brega, carimbó, forró e congêneres, ora pois, ritmos populares. Questão de tempo pra abiscoitar mais alguns prêmios pra enfeitar a casa.
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Fechando a primeira noite os brasilienses do Móveis Coloniais de Acaju. Assino mais uma vez o mea culpa por não aguentar ficar pra vê-los, uma excelente pedida pra fechar noites de festival, já tirei a dúvida disso anos atrás nesse mesmo lugar, mas dezoito horas de viagem mal dormidas me cobraram o preço e precisei regressar ao encontro de Morfeu, no outro dia ainda teria mais.
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